mleitao

Coment�rios ao Artigo

Esta se��o, apresenta sempre um artigo recentemente publicado na m�dia relacionado � Gera��o de Energia.

O objetivo � utiliz�-lo como ponto de partida para discu��es durante o curso.


Em primerio lugar, a autora compara as a��es realizadas nos pa�ses desenvolvidos com rela��o aos transportes com os �ltimos leil�es de gera��o de energia no Brasil.

Esta compara��o n�o est� cientificamente correta porque compara coisas distintas; o setor de transporte com o setor de gera��o de energia.

A autora esqueceu de mencionar que o carv�o e o ur�nio s�o as fontes de energia mais utilizadas para a gera��o de energia el�trica nos pa�ses mencionados enquanto no Brasil, apesar dos �ltimos leil�es, continua sendo a hidreletricidade.

Al�m disso, a autora esqueceu de mencionar a utiliza��o em grande escala do etanol como combust�vel de autom�veis no Brasil.

Os gr�ficos abaixo falam mais alto. O Brasil � hoje respons�vel por 1,2% das emiss�es de CO2 no mundo enquanto China e USA s�o respons�veis por 40%.

Se consideramos as emiss�es por habitante, os n�meros s�o mais eloquentes. O Brasil � um dos pa�ses que menos contribui para as emiss�es de CO2 no mundo.

Obviamente, devemos procurar evitar emiss�es sempre que poss�vel mas sem comprometer as nossas necessidades energ�ticas.

 

No Mundo Novo

Miriam Leit�o

Publicado no Jornal O Globo em 4.1.2009

A quest�o ambiental e clim�tica ganha ruas e pra�as e muda fontes de energia. Em Nova York, a prefeitura redesenhou ruas, espremeu carros e entregou o espa�o para ciclistas e pedestres. Bicicletas de gra�a rodam em Paris, postes de recarga incentivam carros el�tricos em Londres. No Brasil, a maioria dos leil�es de energia nova em 2008 foi para termel�tricas a carv�o ou a �leo combust�vel.

Quem olha em volta as op��es feitas por governos e empresas fica com a desagrad�vel sensa��o de que o Brasil est� na contram�o do mundo. O Bom Dia Brasil levou ao ar uma s�rie de reportagens mostrando mudan�as animadoras em v�rias cidades do mundo, projetos para transformar os espa�os urbanos, incentivar novas formas de aproveitar a energia do sol e dos ventos. N�o s�o mais projetos isolados, experi�ncias ex�ticas, � uma nova tend�ncia. O moderno � levar a s�rio o trabalho nas m�ltiplas frentes de mudar nossa rela��o com o planeta.

Eu vi em Nova York o que n�o pensaria em ver num centro sempre t�o hostil ao pedestre. As ruas foram redesenhadas. S� na Madison Square os pedestres ganharam mais 4.400 metros quadrados do que antes era dos carros. Das ruas 42 a 34 na Broadway h� uma longa via tomada dos carros para o uso dos ciclistas e pedestres. A Comiss�ria de Transportes da cidade, uma ciclista, Janeth Sadik Khan argumenta que � preciso preparar a cidade para o fato de que ter� um milh�o a mais de habitantes em 2030. Em vez de pensar em mais espa�o para os carros, abre avenidas para as pessoas. Os taxis est�o sendo obrigados pela prefeitura a serem h�bridos. Hoje 30% j� s�o el�tricos com motor de apoio a gasolina. A meta � chegar a 100% em poucos de anos. Eles s�o mais silenciosos e n�o poluem.

No Brasil em um importante ponto, na polui��o provocada pelo diesel, o Brasil daria um grande passo em 2009. Mas o projeto foi adiado para 2013. Todos os novos caminh�es e �nibus deveriam sair das f�bricas este ano j� com novos motores, e a Petrobr�s deveria fornecer todo o novo diesel j� com menos enxofre.

Um dia talvez a Petrobr�s admita o erro estrat�gico e de marketing de ter brigado com o projeto. As montadoras s�o c�mplices do crime de manter o enxofre no oxig�nio que respiramos, mas para elas o Brasil sempre foi um mercado perif�rico. Para a Petrobr�s, o Brasil � o centro. No mundo inteiro, petrol�feras tentam limpar sua imagem com an�ncios se dizendo sustent�veis; a brasileira n�o pode. Se a Petrobr�s tivesse entendido a oportunidade, se tivesse liderado o processo, se tivesse tido vis�o estrat�gica, que hist�ria bonita poderia estar contando hoje. Perdeu a empresa, perdemos todos.

No Brasil, a Vale acaba de comprar duas minas de carv�o na Col�mbia para duas termel�tricas a carv�o. A empresa quer produzir energia com base na fonte mais poluente do mundo no meio da Amaz�nia. Contando ningu�m acredita que o Brasil queira andar na dire��o contr�ria do bom senso e da l�gica. A energia de Manaus vir� atrav�s de um projeto megal�mano de linh�es de transmiss�o que atravessar�o dois mil quil�metros no meio da floresta amaz�nica ligando Tucurui a Manaus. Deve haver meia d�zia de outras solu��es mais simples e baratas.

Tudo o que n�o � hidrel�trico ou f�ssil para as autoridades de energia do Brasil � caro demais e invi�vel. Por isso, o governo dedica um solene desprezo a todas as outras fontes. Experimente perguntar a uma autoridade do setor el�trico brasileiro por que n�o investir em energia e�lica ou solar. A pessoa responder� que � caro demais e vai imediatamente passar para outro assunto, como se a quest�o estivesse encerrada.

A atitude � a mesma que levou o pa�s a pensar que estava melhor do que as outras economias e por isso a crise n�o chegaria ao Brasil. No caso ambiental e clim�tico, o Brasil est� convencido de algumas lendas urbanas: de que tem a matriz energ�tica mais limpa do mundo porque � baseada na hidreletricidade; de que tem o melhor �lcool do mundo; e � dono da maior floresta tropical do planeta.

� tudo verdade. Relativa. Um estudo da UFRJ mostrou que existem hidrel�tricas de baixa, media e alta emiss�o de carbono. As de alta emiss�o produzem tantos gases de efeito estufa quanto uma hidrel�trica a carv�o. O mundo limpa a matriz, e n�s sujamos ainda mais a nossa. No caso dos biocombust�veis, s� permaneceremos na dianteira se investirmos na nova gera��o de biocombust�vel, o do �lcool celul�sico. O novo secret�rio de Energia americano, Stephen Chu, desenvolveu em laborat�rio v�rias experi�ncias desse novo �lcool a base de novas fontes baratas como gram�nias e todo material org�nico que tenha celulose. Podemos ser ultrapassados. Sobre a floresta amaz�nica, a �nica meta aceit�vel para o Brasil � zero de desmatamento, mas o governo decidiu conviver com o desmatamento prometendo apenas que ele ser� declinante.

Mais do que novos projetos urbanos, novas fontes de energia, novas estrat�gias das empresas, o que est� em mudan�a no mundo s�o os conceitos e atitudes. O Brasil ignora a tend�ncia e faz a sua marcha batida para o passado.


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